segunda-feira, novembro 29, 2004

A caminho de casa do papá ía preocupada. Com aquele aperto no coração que dói e que conheço desde que nasceste. Um medo súbito e intenso de não conseguir controlar a vida e as coisas.
Correste para o meu colo com aquele chorinho de mimo. Baixinho, sem lágrimas, como que se um queixume. Sei que, por dentro, me repreendes de te deixar. Não que não estejas bem... Mas desta vez foi diferente. Uma ferida carregada na tua cara pequena, mesmo por baixo do olho. "Uma sorte", diz o papá. Mais uma vez a minha incapacidade de te proteger, penso eu. A tua confiança de criança não te permitiu ver o perigo numa simples caneca cheia de lápis, por cima da qual tropeçaste e caíste. A velha máxima, de que me lembro tantas vezes. Não podia evitar que caísses, mas também não estive lá para te ajudar a levantar...
A marca está lá. Aquela que tentei aliviar enquanto dormias, com sorriso de anjo. E eu a agradecer a Deus por, apesar de tudo, ser apenas e só uma marca que o tempo há-de apagar...

sábado, novembro 27, 2004


25 Dezembro de 2002. Só para re-lembrar que é quase Natal...
A tua reunião foi pouco importante. Demasiado pouco importante para as preocupações que tive, em não me atrasar. Apenas para marcar a festinha de Natal, que será felizmente mais perto do que a do ano passado, e infelizmente a um Domingo. O que implica que a mamã tenha algumas dificuldades em participar contigo.
Mas para que a viagem não fosse em vão, a mamã resolveu falar com a tua professora. As preocupações do costume. Parece certo é que a tua vida na escolinha é bastante diferente da de casa. Na escola és activa, perspicaz, meticulosa, meiga e sociável... nada de novo. Facto é que também és cautelosa e obediente. Facetas tuas que por vezes desconheço, ou não revelas. E culpo-me porque por vezes (ou quase sempre), sou eu que te facilito a vida para te compensar de coisas que não controlo. Para te compensar do tempo que não tenho, do cansaço que não escolho, do afecto de uma família dita normal, da que estás involuntariamente privada. Para o bem e para o mal, estamos todos...

sexta-feira, novembro 26, 2004


Nostalgia II!

Hoje estou nostálgica!!!
Enquanto cantas, vais saltitando na tua cadeira ao meu lado, com a felicidade típica das Sextas-Feiras, dia de Ginástica. Um autocarro cheio de meninos que te guia a 50 minutos de alegria. Digo-te que vou trabalhar, que saio tarde, que vou directamente para uma reunião na tua escolinha. Dizes-me que tenho que trabalhar para te comprar "papa" e "brinquedos". "Muitos, mamã!". Como que se os que tivesses não fossem já demais...
Entretanto explico-te que hoje não te vou buscar. Vai o papá! "Que sorteeeee!" Gritas. "Vou dormir na cama do chão ao lado do mano". Sorte a tua. Já não estava habituada a ver-te ir, a sorrir, enquanto fico...

quinta-feira, novembro 25, 2004

A tua festa foi como imaginei, apesar deste ano não me sentir muito motivada para a fazer. Não sei se pela excitação das novidades do bebé primo, que lá vem, ou se por estar a trabalhar nesses dias, que me causou o dobro do cansaço. De qualquer forma, ao fim de analisar todos as hipóteses, concluí apenas que este aniversário não foi só mais um. São já três os anos de ti, em mim, ou em nós. Da tua vida, da tua alegria, da nossa felicidade. Três anos da maior aprendizagem que tive, de descoberta, da construção do amor mais eterno que conheço. O que tenho por ti.
Estavas radiante com a perspectiva de chegar Domingo. Como te prometi, quando acordasses, lá estaria uma prendinha encostada à janela, deixada por uma fada. A fada madrinha, na tua imaginação. A "fada mamã". Quando te telefonei, às 10h40, cantavas radiante as "musícas" do novo CD. E querias à força abrir uns presentes que a mamã tentara esconder de ti, debaixo da cama da Tia Tita.
Chegar a casa foi uma alegria. Vestir-te uma roupa nova, e terminar à pressa os doces e salgados dos convidados. A madrugada anterior não foi suficiente para ultimar todos os pormenores.
Depois sempre a mesma alegria. Os amigos e familiares a chegar. Montanhas de presentes para desembrulhar. Velas no bolo de aniversário. Desta vez três. Outro dos dias mais felizes da minha vida, por poder partilhá-lo contigo. O meu corpo a ressentir-se de horas sucessivas de stress, compras, culinária, arrumações e afins. Mas foi tão bom ver-te adormecer ao lado do Xico com um sorriso estampado na carinha pequena.
Segunda-Feira querias fazer anos outra vez. Tiveste direito a bolo e surpresas na escolinha. Quando te fui buscar, à tarde, perguntaste-me se ías ter mais prendas e mais bolos e mais gente. Respondo-te que não. Só para o ano. "Como a avó, que também faz anos para o ano?" Perguntas. Sim. "Mamã, o que é um ano?". E eu, mais uma vez, sem te conseguir responder...

domingo, novembro 21, 2004

PARABÉNS, FILHOTA!!
Depois de 36 semanas na barriga da mamã, decidiste iniciar a nossa viagem juntas. Já lá vão três anos...
Lembro-me que, por cerca das 11 horas da noite anterior as enfermeiras sossegaram o papá e as tias, porque não irias nascer tão depressa. Mas a mamã não conseguia adormecer, as dores aumentaram, e lá foi a mamã para a sala de partos. Eram 3 da manhã. A mamã telefonou insistentemente para o papá, que dormia profundamente. Estava sozinha, e assustada, mas a tia Patrícia apareceu. A tia cuja gravidez acompanhamos agora, tão felizes...
A noite não acabava, a mamã chorava com dores, a Tia Patrícia desesperava sentada numa cadeira onde tentava dormitar. Amanheceu, passaram mais algumas horas e começou a tua vida cá fora. 10h40. 47 cm. 2,810 kg. A minha menina. Tão pequenina e tão linda. O papá, no corredor, estático, a sorrir a ver-nos passar. Segurou-te com minutos de vida, enquanto os raios de sol entravam pela janela, numa das imagens mais felizes que guardei. Finalmente os três, juntos. A nossa Maria Helena.
Hoje fazes parte de nós. Inundaste a nossa família com uma alegria terna. Tens os olhos do papá, o sorriso do avô e uma energia que não acaba jamais. Cativas toda a gente com a tua simpatia, achas-te enorme neste mundo de gente grande, és vaidosa, caprichosa, inteligente, perspicaz.
Hoje é o teu dia. O dia da minha alegria...


sábado, novembro 20, 2004

Amanhã completas três anos… e os momentos de ti vão-se acumulando na minha memória, como que atropelando-se, com um medo meu de perder um instante teu.

Estou só eu aqui, a pensar. Desde que nasceste que mudaste a minha vida e os meus sonhos para sempre. Porque nasceste do meu corpo, porque te alimentaste de mim, porque vivi para ti durante meses. Desde que choraste pela primeira vez, naquela manhã fria de Novembro, soube e sei que és o meu amor mais constante, mais estável, mais garantido, mais feliz, mais incontestável, mais incondicional. Eras linda quando nasceste. Tão pequenina. Tão rosada. Sempre te falei, sempre senti que te conhecia, mas ver-te foi o expoente máximo de uma felicidade que nunca ousei imaginar.

Agora sou um ser mais completo. Tudo o que vejo, tudo o que sinto, tudo o que penso tem um toque teu. Tu, que na tua pequenez, me vais mostrando o mundo, e me vais dando certezas de que a minha existência, por mais difícil que seja, vale sempre a pena!

E ser tua mãe é mesmo assim. Ver-te crescer, rir com as tuas gracinhas, ajudar-te a levantar, quando cais. Sentir o teu cheiro, enquanto dormes numa paz imensa, com respirar de anjo. Levar-te para a escola, aos pulinhos, enquanto canto a tua música preferida. Observar-te, apenas. Ensinar-te as cores, as letras e os números. Mas sobretudo sentir orgulho. Tanto… E fazer tudo e ainda mais para te proteger, dar-te colinho, dar-te miminhos… fazer de ti a criança feliz que eu fui.

Fazes três anos amanhã, meu bebé pequeno. E a alegria de te ter perto de mim aumenta a cada minuto que passa…

sexta-feira, novembro 19, 2004


O meu Fim de Semana na Serra - Parte II !

O meu Fim de Semana na Serra - Parte I !

segunda-feira, novembro 15, 2004

Afinal às vezes temos medo, amor, por nada, ou por coisa nenhuma!
Sei que ainda é cedo, demasiado cedo, mas o milagre da vida desenvolve-se na barriga da tia magriça! Se dúvidas havia, eis que a tecnologia nos vem provar que a tua sementinha - prima está lá, bem viva, e já com 3,8 mm. Quase 4 mm de gente, que vão crescendo inversamente proporcionais à nossa paciência. Mas da mesma maneira que a nossa curiosidade...
É impressionante como uma imagem quase imperceptível muda as nossas vidas para sempre. E é por isso que a mamã acredita tanto numa Senhora, a quem pediu tanto que tudo corresse bem. Que assim continue!
Mais do que alegria, felicidade. Mais do que tudo...
P.S. - E a dra. ainda deixou no ar a possibilidade de em vez de uma, serem duas sementinhas...


domingo, novembro 14, 2004

Estava aqui a pensar, pequenina, que na tua cabeça as coisas têm uma lógica estranha mas muito real. Porque, sinceramente, faz todo o sentido chamares "arrumário" a um móvel onde se arrumam coisas!

Já acrescentei mais uma palavra ao lote das que tu inventas, e que são tão utéis, que às vezes dou por mim a dizê-las noutras situações, com outras pessoas, que provavelmente pensam coisas estranhas da mamã.

Já pensei também nisso, e realmente todos os dias compreendo mais o que é ser mãe. Ou melhor, tua mãe! É vestir um pouco a tua pele, sentir como te sentes, viver o que vives. Para te compreender. Há dias em que não tenho paciência, outros em que pareço, como tu, uma menina. Como quando te levo ao Infantário e fazemos corridas para ver quem chega primeiro à campaínha, em grande algazarra. Não sei ser de outra maneira, ou educar-te de outra forma. Talvez por vezes seja demasiado permissiva. Certo é que sigo o meu instinto, e deixo-me levar. Porque das ideias pré-definidas que tinha, já me esqueci...

P.S. - "Falei" agora com a sementinha, que até estava bem disposta!


sábado, novembro 13, 2004

Não Aguento!!! Logo no dia em que a Beatriz resolveu nascer, eis que tenho uma notícia pela qual esperei tanto tempo. VOU SER TIA ! Pois é Princesa, vais ter o primo bebé que pediste, com meias, sapatinhos, e tudo o que tens direito…

Resta-me pedir a Deus que não confirmem as suspeitas, e que o meu bebé, agora apenas com 2 mm, cresça saudável e feliz na barriga magricela da mamã!

Decididamente, é muita felicidade para um dia só!

P.S. – Eu sei que, dadas as circunstâncias, ainda é segredo. Mas eu prometo que ninguém vai ler isto!

sexta-feira, novembro 12, 2004

Ontem quiseste deitar-te ao meu lado, para dormir. Com a porta aberta, porque segundo dizes "Mamã, tenho medo do escuro"! Entretanto resolveste ir para o teu berço, quiseste saír, e disseste que ías fechar a porta. Disse-te para não o fazeres. Dizes-me atrevida: "Porquê mamã... também tens medo do escuro?". Sem comentários...

segunda-feira, novembro 08, 2004

Vamos de "Fim-de-Semana", quando toda a gente começou mesmo agora a trabalhar. Paciência... a mamã não tem culpa de ser ao contrário de (quase) todos! Vamos dormir aqui. E, se estiver bom tempo, vamos aqui e aqui. Porque aqui convém que o tempo não esteja lá muito bom! Voltamos Quinta-Feira...

domingo, novembro 07, 2004

Um dia, filhota, vais aprender que existem pessoas que nunca conhecemos, nunca vimos, com quem nunca conversámos, mas que fazem parte do nosso dia-a-dia! A mamã descobriu isso aqui, na Internet, onde aliás a tua própria história começou...
Hoje é um dia feliz, daqueles pintados pelas mãos de Deus, em que tive a notícia da chegada da Gabriela. Uma menina que vive lá longe, do outro lado do mundo. A quem a mamã deseja tudo aquilo que te deseja a ti! Uma vida saudável, e plena de amor e felicidade...

quinta-feira, novembro 04, 2004

És gulosa como ninguém, ou como a mamã. Aproveitas todas as oportunidades para pedir mais um rebuçado, ou um chocolate, ou um bolo. E dizes: "Só três", com os deditos levantados, como se três fosse pouco.

Este ano, no dia de todos os Santos, lá foste tu recuperar uma memória que tenho de menina. Quando acordava cedinho, cedinho, por vezes ainda de noite, com uma ansiedade do tamanho do mundo. Quando tinha que esperar, por imposição do avô, que chegassem as dez horas, quando acabava a missa. Depois lá ía, de saca na mão, com outros meninos, de casa em casa, a pedir bolinho. Há alguns dias que te ensinamos como se pede, mas insistes em dizer "Dá bolinho, tia"! É tudo a mesma coisa.

Mas este ano é especial. As primas "Biritiz" e "Matilde" também vão contigo, uma de cada lado, e saltas de alegria. Recuperaste aquele riso de bebé qua aprendeste a dobrar, e que nos faz rir a nós. E soltas gargalhadas infindáveis, debaixo de um sol quente, como a minha alma, que ter espreita.

No final da volta, já estás cansada e com fome. Andámos tanto, que até a nós, adultos, nos faz alguma diferença. É bom viver nesta aldeia, onde todos te conhecem e te mimam. É bom ver nos rostos uma vontade feliz de te ver, de te falar. A vida passa tão depressa, os nossos dias são tão curtos, a nossa rotina é tão fugaz, que por vezes esquecemo-nos que estes momentos são tão bons...

É bom ver-te adormecer, já cansada, num dia como o de hoje. Porque amanhã há uma caixa enorme de guloseimas para saborear...