What if...

Há frases que me perseguem desde sempre, para as quais nunca consigo encontrar resposta.

Valerá a pena?

Às vezes...

... bastava que estivesses calado para entender o que dizias! Hoje uma palavra chegava...

A minha princesa...

... voltou! De uma semana inteirinha em casa do pai, onde se divertiu tanto, tanto...

Fazes-me falta...

... e ainda falta tanto tempo para te ver de novo!

Primeira...

... (e espera-se que única), experiência Carnavalesca do ano. Eu e ela de camisas enormes, gravatas desajeitadas, calças largas, chapéu e bigode. Na rua. Sim. Na rua, desta maneira.

Mãe sofre...

Sempre...

... ao final dos dias de eleições lembro-me de uma imagem do meu filme. N' A Casa dos Espíritos, a determinada altura, o Partido Conservador perde as eleições. Uma sala vazia. A oposição a comemorar a vitória nas disfarçadas ruas de Lisboa.

Hoje levantei-me mais cedo, porque SIM. Quando voltei para casa já passava das 20h. Com o rádio ligado, as primeiras reacções. A confirmação da viragem. Longe da euforia de outras batalhas, talvez a nossa maior vitória. Provavelmente não acreditam, mas comovi-me. Pela vitória das mães que não vão morrer nos vãos de escada, pelas crianças que nascerão com a certeza de que são amadas, e desejadas. Não sou ingénua ao ponto de achar que apenas num dia tudo se resolve. Mas estamos mais perto. Cada vez mais perto. Demos mais um passo.

O filme, como a vida, não termina bem. Não é perfeito, ou cor-de-rosa. Termina com a incógnita daquele amor que se escondia, e crescia alimentado em esperança. Termina após uma mudança decisiva e inesperada que num momento muda toda a história. Oxalá consigamos nós, como no filme, protagonizar neste momento uma viragem... porque a história ainda agora começou...

Obsessão...

Se quizer fugir
Pra qualquer lugar que for
Nem precisa me chamar
Tão perto que eu estou
Esse medo de perder
Não te deixa me olhar
Esqueça o que passou
Que tudo vai mudar
Agora eu posso ser seu anjo
Seus desejos sei de cor
Pro bem, pro mal você me tem
Não vai se sentir só, meu amor...

Sempre que quizer um beijo
Eu vou te dar
Sua boca vai ter tanta sede
De me tomar
Se quizer
Sempre que quizer ir às estrelas
Me dê a mão
Deixa eu te levar

Eu penso em te tocar
Te falar coisas comuns
E poder te amar o amor mais incomum
Não deixa o medo te impedir
De chegar perto de mim
O que aconteceu ontem
Não vai mais repetir
Me deixa então, estar contigo
Seus desejos sei de cor
Pro bem pro mal você me tem
Não vai se sentir só, meu amor...

Se quizer
Sempre que quizer um beijo
Eu vou te dar (eu vou te dar)
Sua boca vai ter tanta sede
De me tomar
Se quizer
Sempre que quizer ir ás estrelas
Me dê a mão
Deixa eu te levar

Deixa ser real
E te ajudar a ser feliz
Tudo o que sou, é seu fogo
Tudo o que você quis
Tudo o que você quis

Sempre que quizer um beijo
Eu vou te dar
Sua boca vai ter tanta sede
De me tomar
Se quizer
Sempre que quizer ir ás estrelas
Me dê a mão
Deixa eu te levar

(Tânia Mara - Se Quizer)

Porque sim...

... num destes dias assistia a uma reportagem de um político qualquer. Na "Ajuda de Mãe" dizia orgulhoso que era a favor da vida, que ali se apoiavam grávidas adolescentes, que esta era a solução mais viável, que todos os que fossem a favor da vida deveriam votar em conformidade no Referendo. Com ele, cruzo-me com mais meia dúzia de cartazes que transmitem a mesma mensagem durante a viagem para o trabalho, em cerca de 15 km.

E é como vou votar... a favor da vida. Da vida das mulheres, que tomam a difícil decisão de abortar. Que perante uma gravidez indesejada não têm outra solução, seja pelos motivos que for. Que não têm o apoio que eu tive, ou a família que tenho. A favor da vida das crianças que nascem em famílias que têm força e capacidade para as amarem incondicionalmente como merecem.

A favor da vida! Como se isso estivesse em causa. Dizem-me a mim, que sou sócia da dita associação, da qual pago quotas. Dizem-me a mim, que tive uma filha aos 21 anos. Apenas com a certeza de que a minha filha ía ser amada por todos, e que nunca nada lhe faltaria. A favor da vida... e das vidas das crianças que nascem, por exemplo, com trissomia 21? Não são a favor? E naquelas geradas por fruto de uma violação? Também não serão vidas? Ou serão eventualmente vidas de segunda? Existirão vidas superiores a outras?

A maternidade é uma qeustão de consciência. Num mundo ideal ninguém abortava, é certo! O estado incentivava as famílias a terem filhos, as estruturas familiares eram apoiadas, havia um sistema de saúde perfeito, e um acesso à educação brilhante. Nesse tal mundo, nunca nenhuma mulher seria obrigada a ter que tomar uma decisão que acredito que ninguém toma de ânimo leve. E como o nosso mundo está tão longe do ideal, parace-me a solução mais perfeita esta de permitir às mulheres não serem penalizadas por uma questão que se prende com a sua vida, o seu corpo.

Nenhuma posição me parece mais a favor da vida que um redondo SIM!

(E permitam-me em tom de brincadeira... talvez se o aborto estivesse despenalizado há mais tempo, não tivéssemos que gramar com certas pessoas que vagueiam por aí...)!