quinta-feira, dezembro 28, 2017

Hoje, consulta nos Lusíadas. O Dr. Luís Vicente transmite sempre a mesma calma. A medo, conto-lhe o diagnóstico da MAC. Diz-me que entende. Não concorda. Explica porquê. Que temos tempo. Não há esperas. É menos perigoso. Avançamos cautelosamente, e vemos como corre.

Saio com dúvidas. Não convencida. Começo a pensar. A duvidar. A questionar. De protocolo na mão. E uma sensação de insucesso. Voltar a casa traz-me a calma que precisava. O sossego do colo do Rui. A ansiedade, que não sei gerir... mas tenho que aprender.

Conto os dias mil vezes. Revejo os procedimentos outras tantas. A vida não pára...

sexta-feira, dezembro 22, 2017

Mais uma etapa...

Habituámo-nos a esta frequência de viagens. Sempre sem dia marcado. Recebemos os telefonemas e ajeitamos os dias da melhor forma. No caminho, digo coisas parvas. Alivia-nos a carga. Descontrai o que, às vezes, dói por dentro.

Uma viagem a mais, é uma viagem a menos. E é sempre isso que me dá força...


segunda-feira, dezembro 11, 2017

Nesta co-existência de público e privado. Hoje liguei para a MAC, onde estamos inscritos desde Julho. Tendo sido a primeira consulta em Novembro, aguardávamos apenas a marcação de um exame para o processo avançar.

Liguei para saber dos tempos de espera. Porque me lembro, vezes sem conta. A vida não pára... mas este processo parece não ter fim! Nada avança. Ou tudo se faz... devagar.

Que não sabem. Não há previsão. Este ano não se marcam exames. Só para o ano. Em Janeiro chamarão por ordem... e sabe Deus que ordem é esta...

Perco a esperança. Mais uma vez. Talvez já não seja 2018. E eu estou cansada de esperar...

terça-feira, dezembro 05, 2017

Sempre igual...

Nestas andanças, o que mais custa gerir é a ansiedade. Tudo parece demorar tempo demais. Tudo tem uma duração interminável. À nossa volta, a vida não pára! Às vezes sinto-me só triste. Noutras vezes tenho esperança. Acredito. Mas parece que nunca acontece...

De repente, passamos a viver em função de um calendário. Amamos em função dos dias! Pode haver amor mais artificial que este?

Esta semana há exames. Mais um passo. Enquanto esperamos pela próxima consulta. Enquanto sinto algo que não tenho...

Hoje, um teste. Queria ter a certeza, antes do exame. O racional via uma janela branca. As minhas emoções procuravam em contra-luz uma pequena risca que era capaz de jurar que vi...

Estou cansada. Extremamente cansada. Cansada de não saber...

quinta-feira, novembro 23, 2017

Breaking down...

Deve haver uma determinada altura destas andanças em que tudo parece desabar. Semelhante a uma sensação de tentar nadar com todas as forças para fora de um poço, sem nunca conseguir chegar à tona...

Depois de uma sucessão de acontecimentos tristes dos últimos meses. Depois de dias e dias de incertezas. Esperanças goradas. Frustrações. Hoje foi o dia de ir abaixo. Chorar horas seguidas. Sem rumo. A fazer renascer aqueles pensamentos negros que, de quando em vez, me invadem. Como seria voltar para outro lado? Fugir? Desistir... 

segunda-feira, novembro 13, 2017

Mais uma viagem...

6 da manhã. Acordar e ir para Lisboa. Uma hora para atravessar a cidade, e análises hormonais feitas em 5 minutos. Regressar a correr. Aulas. Entrevista para estágio. Um lugar que parece tão sonhado, quanto inalcançável...

A vida não pára. A cabeça a mil. Marcar consulta, para pedir mais exames. É preciso uma nova ecografia. Aproveito, e peço o resto dos exames de rotina.

Difícil... muito difícil de gerir esta ansiedade. O dilema de não saber o que fazer ou como agir. Esperar ou não? O medo de comprometer o futuro, em função de um capricho...

Dieta. Dieta há poucos dias. A sombra do fracasso sempre a pairar. A certeza de que acabo sempre por me auto-destruir.

A vida não pára...

quarta-feira, novembro 08, 2017

De hoje...

Hoje foi dia de primeira consulta na MAC. 4 meses de espera. As pesquisas a que já me habituei. Já sabia o que ia acontecer, mediante o médico que calhasse. Ou pensava que sabia...

Ao fundo do corredor, chamam-nos pouco depois das 8h00. O Dr. mais temido. Manda-me pesar. Quebro o gelo, com uma ou duas graçolas. Temos gostos comuns. Ele quer estudar cozinha quando se reformar. Cheio de regras e rigor, numa primeira análise, pede-nos exames já feitos. E eis que surge um diagnóstico diferente do que tínhamos até aqui. A confirmar-se as suspeitas... iremos para FIV.

Dali, sem pressas (não pensava que o serviço público fosse assim), seguimos para a enfermeira, que nos explica os próximos passos a dar e exames a fazer. Depois nutrição. Assistente Social. E, por pouco, falhamos a Psicologia. Pacote completo para um só dia. Afinal vêm que somos de longe, e tratam-nos como humanos. Têm o cuidado e a sensibilidade de perceber que as viagens são penosas...

Também o é este processo. A angústia de não saber o que esperar. O que depende de nós, o que não depende. Agora é esperar. E ter paciência. Tudo acontece devagar...

Voltar a casa...

Já tive não sei quantos diários, desde que fechei esta porta. "Às páginas tantas", descobri que era aqui que fazia sentido voltar. Onde tudo começou. Onde habitam as minhas mais antigas e doces memórias...

Como que se um regresso se tratasse, a imagem de abrir as janelas, para deixar entrar o sol. O "destapar" dos móveis antigos. Sacudir o pó...

Esta casa é a casa onde me fiz (mais) mãe. Esta será a casa onde, se Deus quiser, serei mãe outra vez.

Que bom, o regresso...