Às vezes, ou quase sempre, fico espantada com o teu crescimento, e da maneira fácil em que se transforma em desenvolvimento repentino. Sempre achei que és estimulada como poucas crianças são, porque afinal nem todos têm o privilégio de ter uma educadora privada, a quem tens também a alegria de chamar avó. Por isso os teus dias em casa nunca são monótonos. Ao ponto de pesares em pratos de balança se te apetece ou não, todos os dias, ir ao Infantário. À escola apelativa, pintada de cores, onde se multiplicam os jogos, as canções, e sobretudo os meninos, de quem tanto gostas. Onde fazes desenhos sem fim, dos quais te perguntei uma vez, romanticamente, qual seria a sua representação. Encolheste os ombros, como que a substimar a minha inteligência, e disseste simplesmente: "ó mamã... são riscos". E eu que julgava que, para ti, os riscos eram carrosséis, bombons, casinhas e brincadeiras. Ontem cheguei a casa, farta do trabalho e de tudo. Qual soldadinho de chumbo, a avó exibe orgulhosa mais uma obra prima. Pede-te: "Helena, vai buscar a letra do nome da mamã". Trazes o V, que exibes aos saltinhos. Escolheste-o no meio de um puzzle colorido de todas as letras do alfabeto, com alguns números à mistura. "A da tia Patrícia e do Tio Pedro, e do Papá". Trazes um P com convicção. Segue-se o nome da Tia Rita. E depois: "Vai buscar a letra do nome da Helena!". E lá vais tu a correr, aos gritinhos. E eu, enternecida, deitada, extenuada e surpreendida. Trazes-me um M e um H. De Maria Helena. Achei depois que te conseguia confundir, princesa, trocando a ordem das peças e das letras. Mas quem se enganou fui eu... |
segunda-feira, outubro 25, 2004
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2 comentários:
As Princesas, essas, nunca se enganam. Ainda menos se forem nossas.
Sei isso porque tenho umas poucas.
Que crescida que está a tua luz!
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