Apesar de tudo, sempre a mesma dificuldade associada ao tema. Algo de que não se fala, para o qual nunca estamos preparados, que nunca ninguém nos ensinou como ía ser, que não se lê nos livros. Apenas no nosso!
Por mais que queiramos proteger as crianças... e só Deus sabe como tentamos, acabam sempre por senti-lo! A ausência do Pai, a distância da família nuclear, a diferença para os amigos, nas festas da escola, ou apenas no dia-a-dia. E o velho estigma. Em todo o lado, onde quer que vamos, seja ou não para uma qualquer situação rotineira. Como hoje, na Pediatra, que ía falando dos temas com entusiasmo, referindo-se a mim, e ao meu marido. E aqueles olhinhos castanhos à procura dos meus. E a mão suadinha a apertar a minha!
Não que lhe falte amor. Tem umas tias babadas que lhe dão tudo. Uma avó que nunca se cansa de a apoiar. Tem, em casa do Pai, os manos e os avós. Tem amor em dobro. Duas casas, dois quartos, muito mais brinquedos, muito mais tudo. Mas tem o coraçãozinho dividido. E faz-lhe falta aquela presença constante. Ao ponto de procurar desde sempre mais a atenção dos homens. Aos mais chegados, chega a chamar de "Pai". Já o chamou ao Pedro, ao Nuno, recentemente ao meu namorado (isto soa estranho...)! Tento disfarçar a tristeza, ou agir com naturalidade. Lá lhe vou explicando que pai ela tem só um, o dela, que a ama muito, apesar da distância a que estão obrigados. Apesar das nossas diferenças, e divergências (que ultrapassaram há muito o aceitável), não posso negá-lo. É pai dela. Fui eu que o escolhi. Bem ou mal, a opção está feita e é para sempre. Não me cabe a mim dizer-lhe nesta idade a minha verdade, ou a verdade que sinto todos os dias...
Não é fácil estreitar laços depois de uma separação. Ou talvez tenha sido eu a não conseguir fazê-lo. Ficaram as mágoas, as dores, os ressentimentos. Qualquer motivo serve para nos magoarmos. Nada em comum, a não ser a princesa! E talvez mesmo por fraqueza minha, nem tão pouco consigo, por ela, ter uma relação simpática.
Se eu pudesse, se fosse uma escolha imediata minha, era o que ela tinha. Uma família, uma estrutura e um amor como eu, quando era da idade dela, tive o privilégio de viver...
2 comentários:
Amiga, não te recrimines. A tua Helena tem muito mais amor do que muitos meninos filhos de pais separados. O que se passa entre ti e o pai dela nunca o irias adivinhar, é apenas um exemplo de como nunca se chega a conhecer bem as pessoas.
És uma valente pois eu nunca teria tido a coragem que tu tiveste de ter um filho tão cedo. Bjs!
e o q é importante é ela sentir-se amada pelos 2! qtos filhos de pais juntos não têm esse amor? força, que para a frente é que é o caminho!bjs
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