sábado, outubro 06, 2007

And the Oscar goes to...

Estou farta de estar calada. E ando com uma vontade imensa de exorcizar da minha vida determinadas coisas, ou pessoas. Daquelas em que a determinada altura da vida se dá tudo. E se recebe nada. Aquelas pessoas que nos tiram o valor, e a auto estima. E deixam a nossa vida virada ao contrário, até ao dia... Até ao dia em que descobrimos que podemos voar por nós próprios. E que não adianta esconder o sol com uma peneira...
Estou cansada de, nas últimas semana, ser obrigada a assumir o papel de mãe má. E quem me conhece sabe do que falo. Com a consciência de que durante anos forcei o pai da Helena a tê-la aos fins-de-semana. Quando era eu própria que ía levá-la e buscá-la a casa dele. E se, durante a semana, quisesse eventualmente que falassem, sempre partiu de mim a iniciativa de telefonar. Para não falar de tantas outras coisas, das quais agora me envergonho, e envergonham concerteza as pessoas envolvidas. Que se dizem tão católicas, e tão defensoras da família. E que batem com a mão no peito para dizerem que são pais e avós fantásticos.
Estou triste por arranjar concorrência à altura para ganhar o Oscar. Leio isto e rio. Levanto-me e aplaudo de pé. Porque para quem não conhece, a performance é fantástica. Mas basta tentar ler mais nas entrelinhas, e percebe-se facilmente que um lobo nunca consegue vestir a pele de um cordeiro, mesmo que disfarce as patas com farinha.
Entristece-me sobretudo ter que lavar roupa suja aqui. Quando a minha vida está longe de ser perfeita. Mas é concerteza muito mais feliz desde que me libertei em Fevereiro. Já jogámos tudo o que havia para jogar. Já fui chantageada, agredida, insultada. Há testemunhas e um processo a decorrer em tribunal que valeu um termo de identidade e residência. A minha filha foi deixada esquecida na escola a semana passada sem qualquer tipo de justificação. A tal menina que é tão cumplice do pai não merece atenção quando o mesmo se encontra a jantar com amigos.
Estranho perceber que a vida de tal pessoa parece ter efeito espelho. Quanto mais me acusa de ser a mãe má, já eu sei que há disparates por trás. Quanto mais me acusa de por "namoricos" (que expressão horrível de dizer, quando se tem quase 50 anos) à frente dos interesses da minha filha, já eu sei que anda aluado com mais uma cachopa qualquer. Quanto mais... mais eu me orgulho. Por ser eu, por trabalhar e não depender do dinheiro dos outros. Por não ser dependente de vícios. Por não passar a vida inteira no café sem fazer nada, a falar da vida dos outros. Por ter uma filha fantástica com quase 6 anos a quem nada faltou, graças à paciência e generosidade da minha família (exclusivamente a minha). Por ter uma filha que me ama acima de tudo, e que sabe que deixo tudo e faço tudo por ela, como sempre. Por ela ser forte, saudável e feliz. E por estar, de consciência plena, apesar das minhas lacunas, a fazer um trabalho fabuloso...
Nunca utilizei a assuntos de fé para me vangloriar. Se bem me lembro, essa mania das velas acesas lá em casa até partiu de mim, numa altura em que precisava de alguma coisa na qual acreditar. Mas ensinaram-me que aquilo que fazemos deve ficar connosco. Aquilo em que acreditamos deve ser pessoal, e só assim tem valor. Sob pena de parecer exibicionismo. Ou teatro. E orgulho-me de ter uma educação que não me permite desejar mal a ninguém. Mas não tenho paciência de santo. E para mim chega!
Quanto ao vudu, às pragas e afins... nem comento! Um homem que quer o mal da mãe da própria filha não merece realmente muita credibilidade!
E espero que esta tenha sido a última vez que me vejo obrigada a dizer isto!
Também em tom de recado. Quem muito apregoa que é feliz causa-me desconfiança. Desconfio de vidas perfeitas, que se denotam nas mensagens que recebo há meses. Desconfio de uma vida que conheço à transparência. Que só deve comover quem, por inocência, lê palavras do protagonista e acredita. Mas como se costuma dizer, vozes de burro não chegam ao céu...
Eu sou trapalhona, tenho mau humor, pouca paciência. Fico deprimida muitas vezes, choro por tudo e por nada, penso demais. Não sou daquelas mães que não largam os filhos. Pareço à partida descuidada. Não me apetece passar horas intermináveis a bricar com bonecas. Sou exignte, por vezes ríspida, ou exagerada. Mas a minha filha tem regras. Horas certas para comer e para dormir, ou para tomar banho. Os trabalhos de casa estão primeiro que qualquer brincadeira. As palmadas são raras, e não passam da medida certa, no momento oportuno. Não a pressiono, nem digo o que não devo à frente dela. Raramente lhe falto a uma promessa. Só não sou infalível. E pudesse eu falar livremente, e um blog só não chegava para tudo o que tinha que dizer...
Às vezes pergunto-me se alguma vez vou ter paz. Depois penso no nome completo dela, e percebo que a culpa é toda minha. Afinal foi eu que fiz a escolha errada...

1 comentário:

chicharrinha disse...

aprendi eu, à minha custa, de muitos erros e sofrimento, que as vidas perfeitas de outras pessoas não existem, e existem apenas para que elas, na sua mesquinhez, se sintam melhor com a infelicidade que veêm estampada nos outros (eu...) ao pensar "quem me dera...", e assumam a sua como uma grande vida. pena é que, na realidade, a necessidade de destruir nessas pessoas se sobreponha a tudo o resto, e que atraiam, com os seus "encantos" sempre novas (e tolas?) borboletas à sua luz. Para quem já queimou as asas, trata-se apenas de aprender a estar atento para se proteger futuramente... Beijos, belinha