quinta-feira, dezembro 02, 2004

Ando a cultivar-te memórias... dos tempos agora distantes, dos dias mais antigos, das fotografias que vês e revês na esperança de encontrar algo ou alguma referência que te transporte para outra idade. Queres saber o porquê de já não seres mais um bebé, de seres uma menina grande, talvez com receio que o primo bebé que lá vem invada o teu tempo e o teu espaço. Mas dizes, orgulhosa, com voz altiva de menina mais velha, que o primo vai dormir no teu berço, e que vais ter uma cama "gandi, gandi, gandi" só para ti, igual à da avó. Dizes que vais ensiná-lo a andar e a falar e a pintar e a escrever, como se o fizesses já, na tua metódica perfeição...
Mas o mais engraçado é que poucos milímetros de vida são já uma certeza na tua. Quando vês a "Tia Polha" saltas-lhe para o colo enquanto gritas alegremente. Queres dar-lhe um beijo na barriga. Ao contrário do que pensava, tens perfeitamente a noção de que ainda falta muito tempo para termos o bebé connosco, e demonstras uma calma para mim desconhecida.
Lá andas tu outra vez a ensinar-me a viver, enquanto corres à volta da mesa, e dizes e repetes vezes sem parar, com os braços esticados para o ar, que a barriga da tia vai ficar "muito enorme"...

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