segunda-feira, novembro 29, 2004

A caminho de casa do papá ía preocupada. Com aquele aperto no coração que dói e que conheço desde que nasceste. Um medo súbito e intenso de não conseguir controlar a vida e as coisas.
Correste para o meu colo com aquele chorinho de mimo. Baixinho, sem lágrimas, como que se um queixume. Sei que, por dentro, me repreendes de te deixar. Não que não estejas bem... Mas desta vez foi diferente. Uma ferida carregada na tua cara pequena, mesmo por baixo do olho. "Uma sorte", diz o papá. Mais uma vez a minha incapacidade de te proteger, penso eu. A tua confiança de criança não te permitiu ver o perigo numa simples caneca cheia de lápis, por cima da qual tropeçaste e caíste. A velha máxima, de que me lembro tantas vezes. Não podia evitar que caísses, mas também não estive lá para te ajudar a levantar...
A marca está lá. Aquela que tentei aliviar enquanto dormias, com sorriso de anjo. E eu a agradecer a Deus por, apesar de tudo, ser apenas e só uma marca que o tempo há-de apagar...

2 comentários:

Contas e Cores disse...

Fiquei arrepiada com tanta doçura neste pequeno texto!Adorei... Beijinhos

Vera Angélico disse...

Mary Poppins:

Partilho contigo essa preocupação permanente. Vivo com o medo de que algo aconteça, e muito admiro as pessoas que superam e encaram com coragem essas situações. Mais não posso fazer do que mandar-te um beijinho de mamã solidária e desejar ao teu filhote tudo o que desejo para a minha: muita paz e saúde, para que possa crescer feliz!

Raquel:

E eu aqui toda "vaidosa"... Beijinhos, e volta sempre!