segunda-feira, dezembro 10, 2007

Aos seis anos...

É como nos livros, nunca me tinham avisado. Parece pouco linear, ou surreal. É verdade. Ultrapassadas as birras dos quatro, distante da calma dos cinco. No dia em que fizeste seis anos, ganhaste tiques de criança crescida. De escola primária, que joga aqueles jogos da "Pepsi-cola" e diz "nhanha-nhanha-nhanha", enquanto faz caretas. Ou se vira para um bebé e diz a cantarolar "eu-sei-fazer-isto-e-tu-não"!
Custou-te crescer mais um ano, nesta realidade nova. Fora dos mimos da pré. A adaptação que nem sempre me apetece numa escola diferente. As dificuldades dos primeiros dias. O meu medo de que não evoluas com a velocidade que pretendo. Hoje as brincadeiras estão diferentes. Relacionam-se com a escola. Inventas frases, que já escreves na perfeição de menina de seis anos. Sabes os números. Contas até infinitos, como gostas de dizer. Sabes as vogais, e vais aos poucos assimilando as consoantes. O "P", o "T", o "L" e o "D" já te são familiares. Desenhados nas folhas desalinhadas, apagados vezes sem conta. Os lápis que se gastam à velocidade da luz.
Moldas uma personalidade diferente. Frequentemente, em muitos lugares, dizem que és uma menina educada. És tímida no primeiro contacto. Efusiva e por vezes abusadora quando te sentes em casa. Menos teimosa. Às vezes exuberante, inquieta. Da inegável genética, herdaste o meu parco gosto por cumprimentar os outros, quando insistem em dar-te beijos. E até os beijos mudaram aos seis anos. Abraçavas-me de manhã, ou a qualquer hora, com o mimo a que te habituei desde sempre. Um beijo suave nos lábios. Agora queres apenas na bochecha. Sabes perfeitamente o que queres. Sem hesitações.
Aos seis anos estás maior. Mais magra. Cheia de alegria e energia. Já é possível pedir-te que te deites aninhada comigo no sofá, sem que refiles. Tens um olhar fundo. Um sorriso delicioso. Participas nas nossas conversas. Entendes o que te digo, mesmo quando o assunto é mais sério, ou delicado. Sei que conto contigo. Sei o que esperar de ti. Sei que brilhas. E és tão tu...

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