quinta-feira, setembro 09, 2004

Detestas acordar de manhã, bebé! Limitas a tua vidinha pequena aos horários que estabeleceste, e é tão difícil contrariá-los. À noite nunca tens sono. Queres sempre brincar até ao último minuto, escorrergar, ler, pintar... Ou, se por algum motivo, há mais gente em casa da avó, não páras até que a última pessoa se vá embora. Aguentas e combates o sono, guerreias com os olhos, que teimam em fechar, e continuas em grande animação. Chego a pensar que o avô, lá do céu, em vez de te guardar umas asas lindas, brancas e fofas, te deu pilhas. Daquelas que se carregam, todas as noites, e duram, duram, duram...

Toda a gente diz que é bom seres assim, agitada. Também acho, amor. Estimula-te os sentidos. O contacto connosco, os grandes, permite-te grandes façanhas, tais como: reconhecer desde à muito tempo, a letra "A", sem dificuldade; contar até 10 na perfeição, reconhecendo tambem já alguns números; falar correctamente, sem esquecer nenhuma letra. Consegues até, de vez em quando, acrescentar uma ou outra palavra ao nosso dicionário. No outro dia, apontavas para o rabinho e dizias "Mamã, tenho duas "safufas". Uma deste lado e outra deste". Tens razão, querida... a palavra é sem dúvida mais bonita do que bochechas! Não fosse eu tua mãe, para não te achar a mais linda, a mais inteligente, a mais perfeita. É um estatuto que se me confere desde que nasceste. Ser tão pouco subtilmente orgulhosa de ti!

Mas o teu sono, filhota, é que me tira horas de cama a mim. Tenho que acordar 90 minutos antes do trabalho, para que possas estar pronta a tempo, o que é ridículo no ambiente em que vivemos. Não há filas de trânsito, não há stress, não há nada! Só tu, calma e alva, que permaneces num sussurro quente, de respiração doce. E eu, cá com os meus botões, vou inventando métodos que te arraquem dos braços de morfeu. Como ontem, que te prometi que se acordasses, que podias desarrumar o quarto todinho. E era ver-te com uns olhos enormes, a acordar...

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