sábado, setembro 18, 2004

Passo a vida a tentar compensar-te pelo que não consigo ser, amor.
Hoje ía a conduzir em direcção a um restaurante de fast-food, enquanto na tua cadeira, no banco detrás, batias palminhas de alegria e cantavas. Estás feliz, porque estou contigo. Não te cansaste de repetir "mamã, hoje vou contigo!". Como se fosse a coisa mais extraordinária que fizeste nos últimos tempos... Mas não deixavas de ter medo que te levasse para a escola. Conheces o caminho, e pensavas que te estava a enganar. Já te apercebes de tudo, mas a mamã não te mente. Nunca...
O problema, amor, é que a mamã teve quis mudar de vida e de trabalho, e ficou mais longe de ti, dos teus horários, da tua vida. A mamã deixou de poder levar-te à escola todos os dias, deixou de passar os fins-de-semana sempre contigo, e muitas vezes, quando chega à noite, já tu dormes descansada e feliz.
Mas tenho medo, querida. De não corresponder aquilo que esperas de mim. Porque sinto que sentes a minha ausência. Porque me pedes para não trabalhar, ou para te levar comigo. Não posso, linda...
Mas acredita, bebé, que este é um momento mau de nós, que vai passar. E que a mamã, quando te deixa, fica mais pequenina. Porque queria estar contigo sempre! Por isso é que tenta compensar-te com outras coisas. Na esperança de que um dia a vida se altere e melhore, e possamos ser nós duas outra vez...

1 comentário:

Rita Quintela disse...

(está difícil de comentar!)
Um dia atrás do outro, minha querida. Amanhã será melhor do que hoje e o dia a seguir será melhor ainda.
Força e uma beijinho