segunda-feira, abril 21, 2008

Assusta-me particularmente...

Um traço vincado da tua personalidade. Para o qual olho e revejo cada cm do meu passado. Sento-me vezes sem conta contigo, chamo-te à parte. Gostava que fosses mais capaz de te exprimir, ou de me contar as coisas. Muitas vezes pareces assustada, com medo da minha reacção. Outras tantas simplesmente ignoras, não dás importância, e dizes que estás bem! Pergunto-te como foi a escola, ou um dia em particular. O que fizeste no fim-de-semana. Respondes-me quase sempre com monossílabos evasivos. Sei muito pouco...
Lembro-me de ser assim desde sempre. E os conflitos interiores com os quais tive que viver sem conseguir falar com quem quer que fosse. Sempre fui capaz de falar de futilidades. Nunca foi assim tão simples falar de coisas mais abstractas. Lembro-me de ser pequena como tu. Nunca ter tido um único motivo para me sentir intimidada, a não ser quando declaradamente tinha sentimentos de culpa. Lembro-me sobretudo de ter medo sem saber porquê quando por algum motivo era abordada por um adulto. Repito, vezes sem conta, que te adoro. Que és a minha filha. A minha menina predilecta. Elogio-te. Cultivo-te o amor próprio e a confiança. E tenho a sensação que falho, sem saber muito bem onde nem como. Gostava que fosses mais expansiva, mais transparente. Sobretudo que acreditasses que não existo para te julgar, nem para te repreender sem ser estritamente necessário. Não acredito que a nossa relação consiga basear-se numa amizade simples, quando vou ser sempre tua mãe. Um dia vais perceber que o que faço, como faço. À minha maneira tosca. É simplesmente para te saber cada vez mais feliz...

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