Esta madrugada...

... fez uma semana. Dei por mim revoltada Contigo por me fazeres passar de novo por esta dor que é lenta e profunda. Uma sensação repetida e repentina de não ser nada, e de ter medo. Muito medo. Pedi-Te que fosse comigo, dei por mim a ter pena de mim própria por ser tão fraca. Doeu-me a ansiedade de não ver uma solução, de apenas pensar que tudo podia correr mal. Não dormi. Nada.

Hoje, passada uma semana, falei com ele. Que não vacila. Nem demonstra medo. Nem aparenta um único sinal de fraqueza. Falou-me com confiança no futuro, no que aí vem. Tentei, na medida do (meu) possível parecer calma, quando estou a ferver por dentro. Lembrei-me do medo que tive quando fiz uma operação tão simples. Do que pensei antes de adormecer. Daquilo que ele pode eventualmente sentir amanhã cedo. Do que não queria que ninguém tivesse que passar. Espantei-me pela força que carrega. E pela certeza que tem de que isto foi só um episódio mau, para nos lembrar que somos pequenos e que estamos presos por um fio. Talvez assim consigamos aproveitar melhor a vida que Tu nos proporcionaste.

Hoje fiz as pazes Contigo. Que me obrigaste a aceitar o que me dás. Porque dizem que escreves direito em linhas tortas. Mas não evito as lágrimas. Ou se ansiedade, ou de fraqueza, não sei. Peço-Te apenas que nos ajudes, e que lá estejas amanhã bem cedinho. Naquela sala fria. E que faças tudo. Ou apenas aquilo que apenas a Ti compete. Que lhe segures a vida e que lhe permitas continuar connosco por muitos e longos anos. Sem mais precalços ou sustos. Com saúde e boa disposição. Desculpa-me se tantas vezes, de coração nas mãos, barafusto e Te desacredito como se não existisses ou se nada fosses. Agora é com os médicos e Contigo...

Espero estar aqui amanhã à tarde para Te agradecer. A Tua generosidade e grandeza. A celebrar a vida! A celebrá-lo a ele. Que é rabujento e benfiquista. Cujo mau feitio temos muitas saudades...